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Perfil do Educador Social


Publicado em 03/02/2010



RESUMO

A proposição de elaboração desse artigo origina-se da necessidade de subsídios teóricos para o exercício profissional do Educador Social na atualidade. Percebemos, após o trabalho de mais de dois anos em uma Obra Social da Rede Marista de Educação e Solidariedade do RS, localizada em uma região periférica da cidade de Santa Maria/RS, muitas dificuldades e desafios permeados no cotidiano do Educador Social e no seu envolvimento em situações apresentadas por crianças, adolescentes e suas famílias. Consideramos a relevância de pesquisas nessa área, no sentido de esclarecimentos acerca das competências do Educador Social contemporâneo, como também apontar elementos que desmistificam e elucidam o ofício desse profissional inserido em escolas e obras sociais que atendam público em situação de vulnerabilidade social, sinalizando o perfil de Educador Social almejado e podendo diferenciar papéis que são eminentemente de responsabilidade da família e daqueles que demandam intervenção direta do Educador Social.


Palavras-chave: Educador Social; Crianças, Adolescentes e Famílias; Vulnerabilidade Social.


INTRODUÇÃO

Vivemos hoje em uma sociedade capitalista, impregnada pela cultura individual e determinada muitas vezes pela globalização, onde neste processo, modificam-se as relações culturais, conseqüentemente posturas, valores, princípios, os quais têm refletido no âmbito familiar, escolar e social.

Permeados por essa diversidade, encontramos desafios para educar na atualidade, pois educar nos exige: Rigorosidade metódica; Pesquisa; Respeito ao educando; Corporificação das palavras pelo exemplo; Aceitação do novo; Rejeição de qualquer forma de discriminação; Reflexão crítica sobre a prática; Bom senso, humildade, alegria e tolerância e essencialmente convicção de que a mudança é possível.

Nesse contexto, situa-se o Educador Social sendo o profissional que trabalha com usuários em situação de vulnerabilidade social, os quais são particípes de programas e projetos sociais, não sendo satisfatório apenas o seu domínio quanto ao saber teórico ou na boa intenção. Suas ações não são unicamente pedagógicas, mas também políticas ou ideológicas. Esse profissional deve desenvolver:

  • Um respeito real e profundo pelo ser humano;

  • Capacidade para perceber, na comunicação, os aspectos que subjazem à palavra dita;

  • Transparência na sua forma de ser;

Diante dessas exigências ao Educador Social, é relevante citar que esta profissão é cercada por outras profissões e especializações, as quais têm papéis fundamentais para a complementação do atendimento de situações que fogem do âmbito de intervenção e atribuição do educador social.


1. COMPETÊNCIAS DO EDUCADOR SOCIAL

O Educador Social deve apoiar a pessoa individualmente para alcançar e satisfazer seus objetivos, bem como o exercício da cidadania. Aqui nos referimos à pessoa sendo (crianças, adolescentes e suas famílias). Isto implica, por exemplo:

  • Apoiar as pessoas em seu desenvolvimento para que elas mesmas possam desenvolver e solucionar os seus problemas individuais ou grupais;

  • Potencializar as habilidades de cada um, permitindo com que o mesmo decida por si mesmo;

Em outras palavras, diríamos que o importante é empoderar a pessoa para que ela seja capaz de entender e atuar dentro de sua comunidade, através de suas próprias perspectivas, conhecimentos e habilidades.

Quando mencionamos sobre as competências exigidas ao Educador Social na atualidade, podemos caracterizar como sendo estas, uma síntese de conhecimentos, habilidades a atitudes imprescindíveis a atuação do profissional.

Desta forma, segundo Mezzaroba (2008), o Educador Social deve ter a competência para intervir, refletir e avaliar.


Competência para intervir

O Educador Social deve atuar diretamente na situação e dar uma resposta para as necessidades e desejos das crianças e adolescentes e/ou dos adultos de forma adequada, sem muito tempo para reflexão. Deve ter embasamento teórico e experiência prática para tal. Essa resposta não significa resolver o problema, mas, desencadear ações para que ele seja solucionado.


Competência para avaliar

O Educador Social deve saber planejar, organizar e refletir com relação as suas ações e intervenções futuras. Deve saber refletir sobre sua própria prática, avaliando sua intenção, ação e resultado esperado;


Competência de reflexão

O Educador Social junto à sua equipe de trabalho e outros colegas deve saber refletir sobre os problemas de âmbito profissional para uma melhor compreensão, favorecendo assim, o desenvolvimento da profissão nos espaços públicos.

Sendo assim, o trabalho do Educador Social deve promover a igualdade, o respeito com todos os sujeitos do seu contexto, prestando a devida atenção para a necessidade de cada um, respeitando e protegendo os direitos desses sujeitos, a privacidade, a autonomia.

E ainda, é importante ressaltar que o Educador Social deve utilizar-se de sua experiência, do seu saber profissional como uma das formas para melhorar a qualidade de vida do sujeitos, de suas famílias e da comunidade em situação de vulnerabilidade, na batalha contra a pobreza e na luta pela justiça social.


1.1 ESTILOS DE EDUCADORES:

Após a realização de uma breve reflexão sobre as competências almejadas ao Educador Social apoiada na teorização da autora Mezzaroba, ressalta-se que este deve sentir a necessidade de estar sintonizado com a realidade macro e micro[1] o qual ele esteja inserido, podemos apontar diferentes estilos de Educadores na atualidade. Segundo a autora Mezzaroba (2008), existem quatro tipos de educadores:


a) Educador resignado: centra-se nos aspectos pouco estimulantes de sua profissão; queixa-se de tudo – mas pouco trabalha para melhorar as coisas;

b) Educador tecnicizado: excessivamente aplicador dos recursos; rigorosamente técnico, mas desvinculado do “social”;

c) Educador conformista: mero executor de suas atividades; sem excessivas esperanças e sem graves decepções;

d) Educador crítico: “realista”, porém não estranho à uma atitude proativa; otimizador; apóia alternativas inovadoras de melhora; destaca-se por sua atitude construtiva e otimista; sempre olha para frente; capta os desajustes e contribui para melhora do seu trabalho;

Diante do exposto, é momento de autoavaliação, de nos depararmos e refletirmos se realmente, em nossa prática, agimos como verdadeiros Educadores Sociais, comprometidos com a nossa profissão e se efetivamente temos feito diferença na vida dos usuários à quem atendemos.


2.1 EMOCIONAL X PROFISSIONAL: AUTO-PROTEÇÃO DO EDUCADOR SOCIAL

Nesse item, destaca-se algumas contribuições para a auto-proteção do Educador Social. Mas você deve estar se perguntado, Educador Social deve se proteger de quê?

Como já abordamos anteriormente, temos em nossa prática a difícil tarefa de lidar cotidianamente com problemas sociais e necessitamos separar as questões profissionais que possam interferir em questões pessoais. Para tanto, apresenta-se alguns fatores para subsídio a essa auto-proteção:


· Características individuais do Educador Social;

· Apoio afetivo;

· Apoio social externo (colegas, família, amigos, etc);


Também sinaliza-se categorias ou comportamentos que segundo Mezzaroba (2008) auxiliam para manter a Saúde Mental do Educador Social:


· Insight – hábito de se fazer perguntas e dar respostas honestas;

· Independência – distanciamento físico e emocional enquanto satisfaz suas próprias demandas;

· Relacionamento – equilíbrio entre as próprias necessidades e a capacidade de dar/doar-se aos outros;


Todas essas contribuições vêm no sentido de auxiliar o Educador Social a poder lidar com a resiliência, ou seja, a sua capacidade de superação das adversidades; resistindo às frustrações; reagindo e podendo deixar o sofrimento para trás e recuperar-se em prol de uma causa maior.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredita-se ser de extrema relevância abordarmos sobre o perfil do Educador Social na atualidade, em virtude das demandas sociais e exigências profissionais que são necessárias ao Educador Social contemporâneo.

Esperou-se, com esse breve artigo oferecer suporte teórico, para subsídio da prática dos educadores, no sentido de provocar reflexões inerentes a temática, entre Educadores Sociais, e suscitar muitos questionamentos e indagações em relação à efetividade da intervenção do Educador Social, no exercício de sua profissão, ou seja, reiterando que o papel do Educador Social não poderá confundir-se com o papel da família no envolvimentos de situações que perpassam o cotidiano de seu educando.


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REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO:


MEZZAROBA, Solange Maria Beggiato. O papel do Educador Social: superando. desafios. Disponível em:http://capacitacao.secj.pr.gov.br/arquivos/File/O_PAPEL_DO_EDUCADOR_SOCIAL.ppt. Acesso em: 14 set. 2008


PELZER, Marlene T. Família saudável e o processo de cuidar. In:A família que se pensa e a família que se vive. Rio Grande: Editora da FURG, 1998.



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